segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Charges

A charge foi um instrumento muito importante utilizado por aqueles que se opunham ao Sistema (até a promulgação do AI-5 claro), para reinvidicar e criticar a violência dos militares e a ausência de democracia. Quando não eram barradas, as charges provocavam grande inconformação na sociedade, que na maior parte do tempo era privada de saber a real situação do país.

Entretanto, não consegui achar charges da época para exibi-las aqui. Mas encontrei algumas que criticam o sumiço de dados da Ditadura, a queima de arquivos, a impunidade aos torturadores, etc.









“O AI-5 dava mais poderes a presidência da república do que a qualquer ditador, qualquer rei absoluto que a Idade Média teve” Historiador Cid Teixeira.

Influência da Escola Americana

Durante a Ditadura Militar, o rádio, televisão e jornais eram utilizados de forma a gerar uma imagem positiva a respeito do governo, apesar da situação caótica que reinava no país. E isso se deve grandemente à presença norte-americana no Brasil - como já falei anteriormente - que influenciava não somente na economia, mas também nas expectativas da comunicação.

Apesar de ser da década de 30, as teorias da Escola americana se aproximam muito desse anseio da "manipulação" dos civis que os militares desejavam.

A primeira teoria a ser estudada é a Teoria da Agulha Hipodérmica. Segundo ela, toda a sociedade responde ao processo de comunicação através do princípio estímulo -> resposta. Dentro do contexto entre-guerras e regimes totalitários ao redor do mundo se imaginava que, o isolamento físico e normativo do indivíduo na massa fazia com que ele fosse manipulável pelos meios de comunicação. Que independente do contexto do indivíduo, a mensagem que ele recebesse seria captada e devidamente compreendida. E não é exatamente isso que a Ditadura no Brasil supunha também?

Não havia democracia. As torturas,mortes e prisões se davam aos montes pelo país, e os mass media, após a legalização da censura, só mostravam coisas boas do Governo, numa tentativa de alienar a população do caos da realidade.

Entretanto, ao continuarmos estudando as teorias da Comunicação, vemos que não é bem assim que as coisas acontecem. O processo comunicacional é muito mais complexo e peculiar do que pensavam ser. E a prova disso foi o fato de que a grande maioria da população, ao se deparar com a terrível situação do país, não se deixaram convencer do que os meios de comunicação apresentavam, mas sim, tinham convicção do imenso problema do país que estava diante de seus olhos.


quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Alternativos de destaque

Algumas capas de periódicos do Jornalismo Alternativo.











Memórias do silêncio que fala



Jornalismo: culinária e poesia

Principalmente a partir da década de 70 a circulação de jornais no Brasil se intensificou. Começava o tempo da chamada Imprensa (ou Jornalismo) Alternativa. Se destacavam pelo seu formato diferenciado, em tablóide - que fez com que as primeiras edicões se chamassem Imprensa Nanica - e pela oposição à Ditadura Militar. Alternativo pode dizer respeito ao fato de não estar ligado à cultura dominante, mas também está ligado à opção de duas coisas reciprocamente excludentes: a única saída para uma situação difícil e o desejo de protagonizar transformações.

Como tudo que acontecia no país estava amordaçado, uma das únicas formas da sociedade tomar conhecimento da realidade do país era por meio da Imprensa Alternativa. A grande imprensa tinha apoiado o movimento de 64, no entanto agora alguns jornais, como o Correio da Manhã, passaram a criticar os aspectos autoritários do Governo. Os periódicos mostravam os crimes da Ditadura, as mortes dos presos políticos, torturas, violação dos direitos humanos, etc. Entretanto, não demorou muito para que a censura começasse a vetar tudo que era contra a "Lei da Segurança Nacional".

O censor ficava posicionado na redação dos jornais e só permitia a impressão daquilo que já tivesse sido lido e préviamente aprovado. Isso gerava muitos transtornos e atrasos nas publicações. Diante disso, os diretores se comprometeram a não colocar matérias que pudessem talvez ser censuradas em cadernos que não fossem o de política ou o nacional. Dessa forma, o censor passou a ler apenas essas editorias, permitindo que o resto do jornal já fosse impresso para publicação.

Na primeira notícia censurada em um jornal, foi deixado simplesmente um espaço em branco. Isso rapidamente se tornou uma crítica entre a sociedade, que percebeu que aquilo havia sido alvo de censura. Percebendo isso, o Estado proibiu que ficassem espaços em branco quando houvesse alguma matéria censurada, e portanto os jornais começaram a publicar poesias ou receitas de culinária nos espaços vazios. Ouvi dizer que tinha uma chamada "Brigadeiro de pijama". E para alguns jornais como "O Estado" nem isso era permitido, tinham que preencher o jornal com alguma outra coisa que não demonstrasse que houve censura.


Durante o Período Militar nasceram cerca de 160 periódicos, e abordavam tendências diferenciadas: políticos, satíricos, feministas, culturais, ecológicos, etc. Os que mais se destacaram foram "O Pasquim" e o "Opinião", do Rio de Janeiro. Também o "Movimento", em São Paulo e o "Resistência", em Belém, foram bastante expressivos.

Procurados


Outro canal de comunicação sempre muito utilizado pelos militares da Ditadura foram os inúmeros cartazes com a foto dos procurados, muitas vezes chamados de terroristas ou "inimigos da ordem". Muitos desses ficavam expostos nos aeroportos para controlar de maneira mais intensa a entrada e saída das pessoas.
O cartaz mostrado acima contém a foto de Lamarca, guerrilheiro da oposição.